Fatores econômicos contribuem para recuperação da moda íntima3 min read
Por Eleni Kronka – jornalista, pesquisadora e editora de conteúdo.
O mercado de moda íntima no Brasil tem grande representatividade, pelos números de produção, pelos valores gerados e pela movimentação do varejo do segmento.
Dentro da área de vestuário, o segmento de moda íntima e meias praticamente se mantém em crescimento, mesmo com a pandemia, que afetou todos os setores da indústria.
O mais recente levantamento do IEMI – Inteligência de Mercado sobre este mercado mostra que o número de confecções de roupa íntima (lingerie, pijamas, camisolas) e meias apresenta indicadores de recuperação, ainda que em ritmo contido.
O número de confecções no setor era de 2.418 em 2019. Com a pandemia, em 2020, caiu para 2.329. O ano de 2021 foi de recuperação, passando a 2.236, crescendo um pouco mais em 2022 (2.427) e chegando a 2.423 em 2023.
Setor em ritmo de recuperação
O segmento de lingerie dia e roupas para dormir encerrou o ano de 2023 com uma produção total de 767,5 milhões de peças, perseguindo o patamar de 816,9 milhões alcançados em 2019, antes da pandemia.
O segmento de meias (masculinas, femininas, esportivas) registrou produção de 576,9 milhões de pares em 2023, contrastando com o 665,2 milhões de pares de 2019.
Sobre estas diferenças de patamares, nos últimos cinco anos, o economista e diretor do IEMI, Marcelo Villin Prado, assinala que o ano de 2023 foi marcado por percalços que impactaram na indústria e do varejo.
Em uma análise sobre este mercado em 2023, o economista destaca um cenário desafiador. “As vendas de outono-inverno foram particularmente afetadas pelo clima e fatores conjunturais”, observa.
O pico de inflação em 2022, alcançando dois dígitos, segundo o executivo, trouxe instabilidade econômica que se estendeu ao ano seguinte. O término do auxílio emergencial, somado aos juros altos e à dificuldade de acesso ao crédito, impactaram negativamente o poder de compra das famílias, conforme o analista. “Importante lembrar que o crédito restrito atrapalha as compras de vestuário, que poderiam ser parceladas”.
O cenário muda em 2024, na visão do economista. “Verificamos uma volta à normalização, com retomada do crédito, famílias com orçamento mais equilibrado, contenção nos juros e nos índices de inflação”, comenta. “Assim, o dinheiro volta a circular com maneira mais fluida”, salienta.
Valores expressivos
O faturamento, em termos nominais, por parte da indústria cresce em ambos os segmentos. Em 2019, o resultado atingido pela indústria da confecção de moda íntima e roupa para dormir foi de R$ 9,7 bilhões, subindo para R$ 12,5 bilhões em 2023.
Já o segmento de meias movimentou na indústria cerca de R$ 2,8 bilhões em 2019, e chegou a 2023 com ganhos de R$ 2,9 bilhões.
Quanto às importações, em um segmento estão em alta, em outro estão em queda. A alta das importações verifica-se no setor de meias, que chegou a US$ 92,5 milhões em 2023, contra US$ 51,2 milhões em 2020.
Quanto ao segmento de moda íntima e roupas para dormir, dos US$ 96,2 milhões em 2022, as importações caíram para US$ 89,3 no ano seguinte de 2023. “O segmento de meias tem se mostrado mais vulnerável à oferta de produtos e preços externos”, observa Marcelo Prado.
Para um maior aprofundamento nos índices que impactam no movimento do setor, consulte o Estudo do Mercado Potencial de Moda Íntima e Meias e o site iemi.com.br/vestuario.