Braço da moda, a indústria têxtil é ícone na luta da classe trabalhadora2 min read
Não existe moda sem indústria têxtil, atividade icônica para entender o que move a sociedade humana: a luta de classes. O mês de maio é dedicado a celebrar trabalhadores e trabalhadoras, que no segmento de confecção – o chão de fábrica do mundo fashion – é dominado pelas mulheres.
No Brasil, segundo dados de 2020 da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), são 1,5 milhão de empregados diretos e 8 milhões de indiretos e sem vínculos, dos quais 75% são de mão de obra feminina. O segmento é o 2º maior empregador da indústria de transformação, atrás apenas do de alimentos e bebidas, juntos. É ainda o 2º maior gerador do primeiro emprego no país.
Esse contingente de pessoas que faz as nossas roupas são protagonistas das lutas da classe trabalhadora, que nasceram junto com a opressão do capital da burguesia. Não é à toa que a moda é a filha predileta do capitalismo.
Desde o primeiro giro da Revolução Industrial, quando abandonamos o modo artesanal de fazer roupas, graças ao carvão como energia e ao tear como modo mecânico de produção, tecer os fios que nos vestem é um ícone do sistema capitalista.
Em A Ideologia Alemã, de Karl Marx e Friedrich Engels, a tecelagem é exemplo da capacidade do capitalismo de se apropriar das necessidades humanas. Anteriormente exercida por camponeses para prover o próprio vestuário, foi o primeiro trabalho a receber impulso e evoluir com a expansão do intercâmbio do mundo capitalista.
Marx e Engels também abordam a capacidade que a indústria têxtil teve para se adaptar às mudanças do modo de produção. “Foi o trabalho que desde o início pressupôs uma máquina, que ainda que na mais tosca das formas, que muito rapidamente se mostrou o mais capaz de desenvolvimento”, escrevem.
A tecelagem foi a primeira, e permaneceu a principal, manufatura. A população crescia junto com a busca por tecidos para o vestuário. Era o início da acumulação e mobilização do capital dessa indústria nascente. A moda – o guarda-chuva que abrange a tecelagem – prosperava junto com o capitalismo com a circulação acelerada, a necessidade do luxo e a expansão do intercâmbio.
“[Esse cenário deu à] tecelagem, quantitativa e qualitativamente, um impulso que a arrancou da forma de produção precedente. A par dos camponeses que teciam para uso próprio, os quais continuaram e ainda continuam a existir, surge nas cidades uma nova classe de tecelões cujos tecidos se destinavam a todo o mercado interno e, as mais das vezes, também a mercados estrangeiros.”