ESG: valor além do lucro7 min read

ESG é um conjunto de princípios e boas práticas aplicados em uma organização considerando critérios ambientais, sociais e de governança coorporativa ainda não se tornou uma cultura e nem é popular no chão de fábrica, mas será. E embora pareça uma novidade tema de muitos encontros coorporativos, formações executivas entre outro, ESG já esta sendo utilizado há quase 20 anos, sendo que os princípios que o originaram tiveram suas raízes ainda nos anos 70.

O acrônimo em inglês, ESG, significa Envoiromental, Social and Governace, o termo foi utilizado pela primeira vez em uma publicação intitulada “Who Cares Wins” (que traduzido pode ser lido como “Quem se importa, ganha“) de 2004 do Pacto Global em parceria com o banco mundial. Ainda no mesmo ano a UNEP-FI lançou o relatório Freshfield, que mostrava a importância da integração de fatores ESG para avaliação financeira. Em 2007, surgiram os green bonds, títulos emitidos com objetivo de captar recursos para promover a melhoria ambiental, em 2019, o PRI (Princípios do Investimento Responsável), PRI cresceu em torno de 20% atualmente possui mais de 3 mil signatários, com ativos sob gestão que ultrapassam USD 100 trilhões.[1]

No Brasil não é diferente, e ESG passou a ser um indicador importante sobre a solidez, reputação e compliance. Os critérios Ambiental, Social e Governança avançam e apontam para um caminho sem volta no mundo dos investimentos e passaram a ocupar um lugar relevante e serem consideradas essenciais nas análises de risco e nas decisões de investimento. O ESG é uma nova métrica de desempenho de sustentabilidade de uma organização, com a finalidade de atestar  investimentos viáveis e que sejam capazes de gerar impactos financeiros, sociais e ambientais positivos.

Para tanto, investidores usam índices de mercado criados para filtrar as organizações que realmente aplicam boas práticas e políticas de sustentabilidade, além de se posicionarem sobre questões sociais e que também investem em melhores ações de governança corporativa. Entre estes índices estão: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)[2], Índice de Governança Corporativa (IGCT)[3], Índice S&P/B3 Brasil ESG[4], estes índices são de extrema importância para evidenciar que o ESG esta em ação e impedir que empresas façam alegações falsas e enganosas sobre seu desempenho ambiental, atitude definida pelo “greenwashing”.

 Para ser classificada como ESG e ranqueada como com base nos índices acima é critério básico que uma empresa esteja listada na Bolsa de Valores ou, ao menos, no caminho para tal.

Todo o trabalho envolvido neste processo para se tornar uma empresa classificada como ESG tem suas vantagens, e o seu fim é rentável e lucrativo para as organizações, que comprovadamente ganham em termos de valor e reputações de marca, fidelização de clientes e acesso a linhas de crédito especiais entre outros.

Em geral, as companhias comprometidas com a causa são empresas que[5]:

  • Conquistam e mais clientes;
  • Retém os melhores talentos;
  • Geram novas fontes de receita para o negócio;
  • Atraem mais investimentos para projetos de longo prazo;
  • Possuem marcas empregadoras mais fortes e atrativas;
  • Possuem relações mais perenes e sólidas com as comunidades e seus stakeholders;
  • Potencializam o engajamento da marca com públicos formadores de opinião em ESG.

 Todavia, assim como empresas de pequeno e médio porte não necessitam ter um conselho administrativo para seguir as boas praticas de governanças, estas empresas também não necessitam estar listadas na bolsa para colocar em prática os princípios de ESG e lucrar de forma ampla com estas ações. Todavia, mesmo não estando listadas na bolsa, e independentemente do tamanho, estas empresas, atualmente são pressionadas pelo setor financeiro, e também pelo consumidor cada vez mais consciente da importância do ESG. Eetes entendem que a empresa deve ser  socialmente responsável, sustentável e corretamente gerenciada e assim comprometida com o mercado que atuam, com seus consumidores, fornecedores, colaboradores e seus investidores.

Portanto para empresas não listadas, de pequeno ou médio porte, familiares ou não, ESG não é uma questão de escolha mas de sobrevivência.

Princípios relevantes em cada um dos quesitos do ESG que podem ser aplicados em sua organização.

 Princípios Ambientais (E) [6]

  • O gerenciamento eficiente gestão de resíduos, embalagens, geração e cuidado e descarte de plásticos e descarte de lixo;;
  • Política de desmatamento (caso aplicável);
  • O empenho da companhia em buscar alternativas sustentáveis, visando reduzir o impacto do processo produtivo no meio ambiente;
  • O uso de fontes de energia renováveis pela empresa;
  • A redução na emissão de poluentes e estabelecimento de metas para isso Uso de equipamentos que possam colaborar com a otimização energética;
  • Utilização de filtros para redução da poluição ambiental
  • O posicionamento da empresa em relação a questões de mudanças climáticas, entre outros.
  • Iniciativas voltadas para a diminuição do uso excessivo e predatório de recursos naturais;
  • A adoção de medidas direcionadas para projetos de proteção e preservação ambiental.

Princípios Sociais (S) [7]

  • Gestão e ações para diminuição de Índices de absenteísmo;
  • Gestão e ações manutenção nível adequado de rotatividade; [8]
  • Adoção de benefícios como planos de previdência, saúde e/ou odontológico;
  • Remuneração compatível com o mercado
  • Alimentação fabril adequada.
  • Implementação de Avaliações e feedbacks
  • Valorização de Ambientes motivadores e integradores, etc.
  • Aprimoramento em como se relaciona com as pessoas e a sociedade;
  • Aderência aos direitos trabalhistas;
  • Valorização da saúde e segurança no ambiente de trabalho;
  • Preocupação intensiva com a experiência do consumidor em todas as fases;
  • O posicionamento da empresa em causas sociais e beneficentes.
  • Implementação de comunicação clara que promovam o dialogo e reduzam ruídos.
  • Apoio à diversidade e inclusão no meio empresarial; Inclusão e equidade

Princípios de governança (G) [9]

  • O comportamento institucional em relação às políticas anticorrupção e lavagem de dinheiro;
  • Comprometimento com a transparência dos seus dados fiscais
  • A política de remuneração dos diretores;
  • Os valores, a postura moral e ética nos negócios;
  • A adesão aos princípios do PRI (Princípios para o Investimento Responsável);
  • O quanto a gestão valoriza a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa;
  • O não envolvimento da empresa e diretores em fraudes, denúncias, escândalos, condenações na justiça e similares;
  • A elaboração e execução de uma boa política de compliance.
  • Adoção de práticas de enfrentamento corporativo ao racismo, sexismo e etarismo (discriminação por idade).
  • A composição e a diversidade do conselho de administração ou consultivo e da diretoria.

 Quanto ao futuro:

“ESG não é uma evolução da sustentabilidade empresarial, mas sim a própria sustentabilidade empresarial, como explicou o diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global[10] em entrevista a revista exame.

A perspectiva futura é que os princípios e critérios da ESG estejam mais arraigados no ambiente empresarial segundo relatório da PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões, em relação a 15,1% no fim do ano passado. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos. No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 – mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses. Este levantamento foi feito pela Morningstar e pela Capital Reset. [11]

 De olho nas vantagens e rentabilidade que a aplicação de princípios ESG comprovadamente trazem para dentro das organizações, como por exemplo, redução de custos, valor e reputação positiva de marca, transparência na governança gerando segurança para o investidor, e fidelização de clientes, a incorporação do Environmental, Social and Governance à estratégia e modelo de negócios das organizações reitera a máxima de que propósito e lucro indissociáveis.[12]

FONTE

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