Está chegando a Semana Fashion Revolution 20215 min read
Com o tema Direitos, Relacionamentos e Revolução, a campanha propõe debate para construção de soluções inovadoras e interconectadas na moda
A Semana Fashion Revolution acontece anualmente em torno do dia 24 de abril em mais de 100 países para relembrar o desabamento do edifício Rana Plaza, buscar formas de garantir dignidade para os trabalhadores que fazem nossas roupas e mobilizar a sociedade por uma indústria da moda que considere as pessoas e o planeta. Neste ano, a Semana acontecerá entre os dias 19 e 25 de abril em formato digital.
Em prol de uma transformação sistêmica, o Fashion Revolution propõe em sua campanha de 2021 uma discussão sobre Direitos, Relacionamentos e Revolução. Os Direitos Humanos e os Direitos da Natureza são conectados e interdependentes, se o meio ambiente não estiver saudável, nós também não estaremos. Assim, precisamos revolucionar a forma como nos relacionamos, tanto na esfera individual, como na coletiva, considerando todas as pessoas da cadeia produtiva da moda e a natureza, para então alcançar a saúde, o bem-estar e a prosperidade para todas as pessoas e para o Planeta. Portanto, o Fashion Revolution propõe mobilizar redes para além da comunidade já existente, amplificar vozes não ouvidas ou marginalizadas, e trabalhar juntos por soluções inovadoras e interconectadas.
“Moda é potência, é cultura, e queremos que todos sintam-se parte deste movimento por uma moda plural, conectada com a realidade do planeta e que seja boa para todos”, diz Fernanda Simon, diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil.
A campanha, que há anos incentiva o questionamento através da hashtag #QuemFezMinhasRoupas, pretende trazer as pessoas que fazem as roupas para maior. protagonismo, e assim incentivar responsabilidade e transparência por parte das marcas. Este ano, foi reforçada a importância de um olhar na perspectiva de gênero e raça. O Brasil é o quarto maior produtor de roupas do mundo, gerando 8 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo que 75% da mão de obra é composta de mulheres (ABIT).
No Brasil, entre 2016 e 2018, a cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão, quatro eram negros (Reporter Brasil via SIT). Trabalhadores e trabalhadoras da moda ainda não têm seus direitos fundamentais garantidos, estão com cada vez mais trabalhos informais e terceirizados, e com a pandemia suas condições tornaram-se mais precárias e fragmentadas. Ademais, a indústria da moda é uma das maiores poluidoras do mundo, impactando a biodiversidade, o solo, a água e a vida de comunidades.
O Fashion Revolution reforça a necessidade de mudanças radicais para problemas radicais e isso requer uma revolução em nossa forma de pensar, consumir e produzir. Várias revoluções que foram a locomotiva da história tiveram como protagonistas trabalhadoras da indústria têxtil e da moda, e para isso precisamos colocar a classe trabalhadora em destaque. O modelo econômico vigente é baseado em uma lógica linear de superprodução, consumismo e descarte. Precisamos reconhecer e fomentar alternativas e outros modelos.
A Semana Fashion Revolution é realizada de forma horizontal e colaborativa, e conta com articulações de mais de 70 representantes e dezenas de estudantes e docentes embaixadores voluntários em parceria com atores das cenas locais.
Alguns destaques da programação:
Abertura da Semana Fashion Revolution
19/04 às 11 horas
Convidados: Nelsa Nespola, presidente da Justa Trama; Amanda Costa, ativista climática e Namastê Messerschmidt, educador e agrofloresteiro.
Mediação de Fernanda Simon, diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil.
Debate Ancestralidade e o Vestir na Moda Brasileira
21/04 às 20 horas
Os caminhos e desafios para resgatar a cultura ancestral dos povos originários e inseri-los no mundo da Moda.
Convidados: Carol Anchieta, Comunidade Kilombola Morada da Paz (CoMPaz), Day Molina e Cynthia Mariah.
Lançamento oficial do relatório Fios da Moda
22/04 às 19 horas
Perspectiva sistêmica para a circularidade.
Convidados: Marina Colerato (Modefica), Larissa Roviezzo (Regenerate Fashion), Juliana Picoli (FGVces), Melissa O de León (Regenerate Fashion), Yamê Reis (Rio Ethical Fashion) e Elô Artuso (Fashion Revolution).
Lançamento com pré venda do livro Revolução da Moda: Jornadas para Sustentabilidade
24/04 às 15 horas
O Fashion Revolution tem o prazer de apresentar seu primeiro livro, organizado por Eloisa Artuso e Fernanda Simon, conta com ensaios de mulheres que fazem parte da construção de um novo capítulo na História da moda brasileira, percebido através dos pilares da sustentabilidade, com seus desafios e êxitos.
Exposição Colaborativa de Cultura de Moda Brasileira
19/04 à 19/05
O objetivo é reunir obras com aspectos da cultura da moda brasileira nas perspectivas regionais a partir de olhares individuais, provocando uma percepção descolonizada e diversa.
Ocupação Design Ativista
A ocupação incentiva o público a produzir artes até 25/04 com as tags #quemfezminhasroupas #DesignAtivista (ou enviar para contatofr.brasil@gmail.com) para serem usadas durante a Semana. Essas artes estão disponíveis publicamente em uma pasta pública e poderão ser usadas de diversas formas, como posts, lambes e projeções.
Para a programação completa, confira o site Semana Fashion Revolution e siga as redes para outras informações. Faça parte da revolução. Seja Curioso. Descubra. Faça algo!
Para saber mais: @fash_rev_brasil #FashionRevolution #QuemFezMinhasRoupas #DoQueSãoFeitasMinhasRoupas
Sobre o Fashion Revolution
O movimento foi criado após um conselho global de profissionais da moda se sensibilizar com o desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh, que causou a morte de mais de mil trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. A tragédia aconteceu no dia 24 de abril de 2013, e as vítimas trabalhavam para marcas globais, em condições análogas à escravidão.
A campanha #QuemFezMinhasRoupas surgiu para aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto no mundo, em todas as fases do processo de produção e consumo. Realizado inicialmente no dia 24 de abril, o Fashion Revolution Day ganhou força e tornou-se a Semana Fashion Revolution, que conta com atividades promovidas por núcleos voluntários, em mais de 100 países.
No Brasil, o movimento atua há 7 anos e hoje está estabelecido como Instituto Fashion Revolution Brasil. Durante a Semana Fashion Revolution, e ao longo do ano, realiza ações e projetos que promovem mudanças de mentalidade e comportamento em consumidores, empresas e profissionais da moda.