Fairbrics escala produção têxtil a partir de ar4 min read

Benoît Illy, CEO e cofundador da Fairbrics, que angariou mais de 6,5 milhões de euros numa ronda de financiamento, explica ao Just Style que o foco para os próximos dois anos é aumentar a capacidade e colocar as fibras no mercado.

A Fairbrics já desenvolveu um novo processo para fazer um dos principais componentes do poliéster, o etilenoglicol, a partir de dióxido de carbono, hidrogénio verde e energia renovável. O processo converte dióxido de carbono em tecido de poliéster usando química molecular. O dióxido de carbono é captado de fontes industriais, reage com um catalisador e um solvente para gerar químicos que são usados para o poliéster, de acordo com o website da Fairbrics, que acrescenta que os químicos são depois polimerizados para criar pellets de poliéster que podem ser transformados em fios e, posteriormente, tecidos.

Illy refere, contudo, que muitos passos do processo produtivo são, atualmente, feitos manualmente, por isso o objetivo é aumentar o tamanho dos reatores e desenvolver um processo automatizado.

O financiamento, que foi liderado pela AP Ventures, com participação da H&M   CO:LAB, o braço de investimento do grupo H&M, juntamente com os investidores já envolvidos, incluindo a Sake Bosh, será usado para construir uma unidade piloto que seja capaz de produzir mais de 30 toneladas de poliéster por ano, usando a tecnologia desenvolvida pela empresa.

A Fairbrics vai ainda estabelecer parcerias com marcas de consumo para incorporar o seu poliéster em tecidos comercializáveis sob a designação Airwear. «É um marco importante na nossa jornada para trazer a indústria têxtil para as emissões líquidas zero de carbono. Além disso, faz também acelerar o desenvolvimento de novos produtos que estamos a investigar», sublinha Benoît Illy.

Erik Karlsson, gestor de investimentos na H&M CO:LAB, destaca que a Fairbrics foi uma das vencedoras em 2020 do Global Change Award da Fundação H&M. «Ajudar a escalar a sua tecnologia revolucionária não só se alinha perfeitamente com os nossos próprios objetivos de sustentabilidade, como, mais importante, tem o potencial de impactar positivamente toda a indústria», aponta.

Quatro anos de distinções

Sediada em Paris, a Fairbrics foi fundada em 2019 por Tawfiq Nasr Allah e Benoît Illy. Atualmente, a empresa consiste numa equipa de investigadores, engenheiros e pessoas vocacionadas para o negócio com vastos conhecimentos de química molecular, produção a grande escala de materiais e experiência em colocar novos produtos no mercado.

O facto de usar as emissões de dióxido de carbono como matéria-prima pode contribuir para dar resposta às alterações climáticas, uma vez que, indica Illy, a produção de matérias-primas é responsável pela maior parte das emissões da indústria têxtil.

«Sem o desenvolvimento de novos materiais que respeitem mais o meio ambiente, não seremos capazes de chegar a uma economia de moda neutra em carbono e é a este desafio que a Fairbrics está a responder. Em vez de usar produtos derivados de petróleo e emitir CO2, a nossa solução é usá-lo como bloco de construção para criar novos fios de poliéster virgem.

A tecnologia, que aguarda patente, é um substituto baseado num processo químico catalítico revolucionário. Além disso, usa equipamento convencional de química, tornando fácil o aumento da escala. Parece magia, mas, de certa forma, estamos a imitar o que a natureza faz muito bem. As árvores captam CO2, que transformam em fibras naturais usando a luz do sol. Nós estamos a captar CO2 e a transformá-lo em fibras sintéticas usando eletricidade», elucida Benoît Illy.

Para além de ter vencido o Global Change Award, a Fairbrics foi igualmente finalista do Concurso Europeu de Inovação Social também em 2020. «Desde o final do concurso, fomos capazes de produzir as nossas primeiras peças de vestuário e assinar os nossos primeiros contratos comerciais», revela o CEO. «A ideia surgiu do meu cofundador Tawfiq. Ele desenvolveu métodos revolucionários para converter CO2 em químicos de elevado valor nos últimos oito anos, quando estudava na Universidade de Columbia, nos EUA, e na CEA, em França, onde concluiu o seu doutoramento», adianta.

No futuro próximo, a empresa espera produzir polietileno tereftalato (PET) 100% sustentável, mas não só. «Temos dois novos produtos em curso e muitas novas ideias», anuncia Benoît Illy.

Fonte: Portugal Têxtil

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