Moda sustentável: a tendência que muda o estilo e o mundo10 min read
A moda sustentável vem cada vez mais ganhando espaço e trazendo conscientização para as pessoas mudarem suas atitudes. Afinal, precisamos urgentemente diminuir os danos ambientais que vêm cada vez mais trazendo graves consequências para o meio ambiente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Aproximadamente 90% dos municípios enfrentam problemas ambientais. Dentre os principais problemas, estão as queimadas, assoreamento (excesso de material sobre o seu leito) e desmatamento. Todos esses reflexos são ocasionados em grande parte pela forma como a indústria da moda confecciona seus produtos.
Mas de fato, você sabe o que é moda sustentável?
Moda sustentável
Eco fashion ou moda sustentável é a definição para práticas e metodologias que envolvam processos de produção que não agridem o meio ambiente e a sociedade. Afinal, além do meio ambiente, o fast fashion também afeta as pessoas que se submetem a este formato de trabalho. Um dos maiores exemplos do quanto esta forma de produção é prejudicial para o nosso ecossistema de várias formas, foi o desabamento do edifício Rana Plaza em 24 de abril de 2013.
Esta tragédia aconteceu em Daca, capital de Bangladesh. Cerca de 1134 pessoas morreram, e outras 2250 ficaram feridas. A catástrofe pode ter sido causada por quatro enormes grupos de geradores, que foram instalados no telhado da construção. Doze pessoas foram presas pela polícia de Bangladesh, incluindo o proprietário do prédio e outras quatros pessoas, por não terem dispensado os funcionários, os obrigando a continuar trabalhando, mesmo sabendo das rachaduras que foram vistas no edifício um dia antes da tragédia.
A tragédia em Bangladesh só enfatiza o quanto a produção em larga escala, inconsciente ao meio ambiente e a sociedade é prejudicial. Após o acidente o país sofreu mudanças na produção têxtil, principalmente relacionada a segurança dos prédios. No entanto, ainda são necessárias muitas mudanças.
Brechó
Uma das formas de tornar a moda sustentável também é o reaproveitamento de roupas. O Brasil produz uma estimativa de 175 mil toneladas por ano de resíduos têxteis. Deste número, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas para a fabricação de novas peças, barbantes e outros. Imagine a quantidade de descarte de roupas além dos resíduos que geraram com a sua produção. E o pior, é muito comum que as roupas produzidas na modalidade fast fashion tenham uma baixa qualidade, por conta da produção em massa com tecidos de baixa qualidade e pouca preocupação com o resultado final do produto, como costuras frágeis e muitas outras implicações. Logo, as roupas são descartadas com muita facilidade.
Por isso, os brechós surgiram como uma ótima opção para comprar roupas de qualidade com um preço acessível. Afinal, peças principalmente produzidas de forma slow fashion costumam ter um valor que não condiz com a realidade de muitas pessoas. Logo, muitos brechós começaram a oferecer roupas de grandes marcas, em bom estado, com valores acessíveis para um número maior de pessoas. Diminuindo assim o descarte de roupas, tanto ao comprar uma peça que vai ter um tempo maior de durabilidade, quanto na diminuição na compra de modelos produzidos em grande escala que trazem inúmeros prejuízos para a saúde do meio ambiente e consequentemente da sociedade.
Uma curiosidade bastante interessante de falarmos neste tópico é a diferença entre brechó e bazar. Afinal, muitas pessoas acham que eles são a mesma coisa, mas tem diferenças. Os bazares são mais comuns em instituições beneficentes, que a gente encontra amontoados de roupas, sem distinção de cor ou outros cuidados em favor do cliente. Podemos encontrar roupas maravilhosas sim em bazares, no entanto, é necessário bastante paciência para encontrar o que você procura. Já os brechós passam por uma curadoria, ou seja, todo um cuidado para garimpar e “tirar o melhor” das roupas usadas. Os brechós costumam funcionar como lojas físicas, com estabelecimentos para você ficar ainda mais linda com roupas de qualidade que não agridem o meio ambiente e ainda valorizam a sua beleza.
Como uma marca pode ser mais sustentável
Tanto os consumidores quanto as marcas precisam ser mais eco-friendly, ou seja, amigas do meio ambiente. Afinal, todos precisamos mudar nossos hábitos em pró da natureza, para preservarmos a nossa própria saúde. Quando as matas sofrem por queimadas e desmatamentos, acontece um desequilíbrio no ecossistema, que é extremamente perigoso até mesmo para a vida humana. Como aconteceu em 1997 na Indonésia quando uma grande área de mata foi queimada para a expansão agrícola. Por consequência, as árvores pararam de dar frutos, obrigando morcegos frugívoros que se alimentam do néctar e pólen das flores a se deslocarem para outros ambientes em busca de alimento, levando com eles uma doença mortal. Esta doença ficou conhecida como vírus Nipah, podendo causar encefalites mortais e síndromes respiratórias agudas. Logo, a necessidade de cuidarmos das nossas florestas, mudando nossos hábitos e práticas, principalmente com relação à indústria da moda.
Mas de fato, como uma marca pode ser mais sustentável?
Ser uma marca que preza a sustentabilidade do planeta não tem só a ver com o marketing, ou seja, com o que é mostrado para o público. A prática de se apropriar de virtudes ambientalistas, ou seja, usar um discurso hipócrita ecológico para manipular suas vendas é chamado de greenwashing. E diante do cenário atual, se posicionar como uma marca sustentável está na moda, enfatizando a necessidade constante de fiscalização por intermédio de órgãos competentes neste departamento. De fato para uma marca ser eco-friendly ela pode atribuir algumas características:
- Usar a tecnologia para diminuir os impactos ambienteis;
- Modelo de produção que não cause danos ao ambiente;
- Políticas internas que incentivem os funcionários a se engajarem nas causas ambientais até mesmo com atitudes simples no dia a dia;
Reaproveitamento de resíduos para inclusive gerar novas fontes de renda para a empresa e funcionários, com a fabricação de produtos que usam matérias-primas recicláveis, como por exemplo, a fabricação de lingeries com retalhos que seriam descartados, ou a produção de brincos também com retalhos têxteis e muitas outras formas de reciclagem de tecido ou de outros materiais.
Hoje em dia no mercado já existem inúmeras empresas dos mais variados nichos como moda íntima, construção, utensílios e vários outros que se preocupam em voltar as suas marcas para causas ambientais.
Termos da moda sustentável
Também é importante falarmos sobre os termos que fazem parte da moda sustentável. Afinal, adquirir conhecimento é uma das melhores formas para começarmos hoje mesmo a mudar o mundo, partindo das nossas atitudes.
Confira os principais termos da moda que se preocupa com o meio ambiente que você precisa aprender:
Slow Fashion
O slow fashion tem como preocupação não somente o meio ambiente, mas também as pessoas que estão envolvidas com o processo de fabricação da roupa. Ou seja, é uma modalidade de produção “lenta” e respeitosa, sempre atenta aos detalhes, como a matéria-prima, a fabricação consciente visando as pessoas que participam das etapas de produção e principalmente a qualidade. É comum as pessoas não consumirem este tipo de moda por conta do valor. Mas, essas roupas têm VALOR e não somente PREÇO, que são nominações bastante distintas. Quem prefere optar por peças mais em conta, os brechós são uma ótima opção.
Ecomoda
Ecomoda, ou também moda orgânica ou ecológica, tem relação com o uso de produtos e matérias-primas orgânicas, como o algodão orgânico, papel reciclado nas etiquetas, etc.
Moda Ética
A moda ética tem bastante relação com o slow fashion, sendo caracterizada por ser consciente com o meio ambiente e com as pessoas envolvidas em cada processo de fabricação das roupas. Logo, as condições de trabalho são adequadas e ideais para os trabalhadores. Além do ambiente, existe uma preocupação com a saúde mental, física, a remuneração e a carga horária dos trabalhadores.
Eco-friendly
Como já falamos nos tópicos anteriores, uma marca eco-friendly é caracterizada por ser amiga do meio ambiente, com atitudes e ações sustentáveis que evitam ou diminuem os impactos negativos na natureza.
Moda mais sustentável
A moda mais sustentável está relacionada com todos os atributos que falamos acima. Visando praticar bons hábitos sociais, prezando pelo bem-estar dos funcionários, assim como se preocupando com o meio ambiente.
Quilômetro zero
O termo se refere ao consumo próximo do produtor o tanto quanto possível. Significa valorizar o produtor nacional em vez do estrangeiro, o comércio local, a produção do seu estado, da sua cidade pois isso evita também emissão de Co2 com o transporte de mercadorias.
Fast Fashion e a escravidão moderna
Nesta postagem não poderíamos deixar de falar do fast fashion e de seus inúmeros impactos. O fast fashion é caracterizado por ser um método de produção em massa que não se preocupa nem um pouco com o meio ambiente e as pessoas que estão envolvidas no processo de produção. Além de resultarem em roupas que não possuem qualidade, gerando toneladas de lixo todos os dias.
De forma clara, a definição para fast fashion é a produção, consumo e descarte de forma rápida.
Segundo um estudo, um caminhão de lixo com 2.625 kg é enviado para aterros ou queimado a cada segundo. Agora imagine o impacto ambiental que toda essa produção de gases poluentes gera para o meio ambiente?
O fast fashion também trouxe com ele a escravidão moderna, que por mais absurdo que pareça, ainda existe em pleno século XXI. Confira as próximas informações:
Trabalho Infantil – Principalmente na Índia, cerca de 250.000 crianças, em grande parte meninas, são forçadas a trabalhar na indústria da moda em condições análogas para auxiliar na renda familiar;
Trabalho forçado e em excesso – As jornadas de trabalho em indústrias que praticam o fast fashion em sua grande maioria são extensas e prejudiciais para a saúde. Os trabalhadores muitas vezes ficam por longos períodos sem se alimentar, ou terem algum momento de descanso. Ocasionando até mesmo acidentes de trabalho;
Trabalho em troca de moradia e comida – É muito comum principalmente em países subdesenvolvidos ou imagrantes trocarem alimento e moradia por sua mão de obra. Isto acontece pela dificuldade de encontrar trabalho nessas condições, obrigando essas pessoas a se submeterem ao que lhes é oferecido sem muitas de chances de outras oportunidades;
Tráfico de pessoas – O tráfico de pessoas pode ocorrer por propostas enganosas e até mesmo famílias que vendem suas crianças em troca de algum benefício. As pessoas costumam ser muito enganadas nessas transações e acabam ficando relutantes em denunciar, por medo de sofrerem alguma retaliação.
Fonte: Greenme