Química na indústria têxtil: veja as soluções para sustentabilidade6 min read
Quando se fala em produção de tecidos, a primeira coisa que vem em nossas mentes é a matéria-prima do produto. E é natural pensar em insumos como algodão, linho etc. Porém, o que pouca gente sabe é que a química é bastante utilizada na indústria têxtil.
Procedimentos químicos como a tinturaria e o acabamento são muito comuns. Além disso, a química contribui para a otimização de processos, o que pode ajudar a tornar o seu negócio mais sustentável.
Quer saber mais sobre a química na indústria têxtil? Então, continue com a gente! Aqui, você aprenderá tudo sobre o assunto e um pouco mais. Confira!
A química na indústria têxtil
As matérias-primas de origem química utilizadas na produção de tecidos podem ter origem vegetal, como o acetato e a viscose, ou petroquímica, como a lycra, o poliéster e o nylon. Além das matérias-primas, são realizados também diversos processos que envolvem reações químicas e podem ser nocivas ao meio ambiente.
Atualmente, a tecnologia e o conhecimento permitiram a descoberta de diversas técnicas que agridem menos o meio ambiente. Elas são adotadas pelas mais variadas empresas, sendo obrigatórias em alguns casos.
As soluções químicas utilizadas
No tratamento de um tecido são utilizadas substâncias químicas em três processos principais: tingimento, alvejamento e lavagem. Veja, agora mesmo, as características e benefícios de cada solução!
Tingimento
O tingimento, feito em fibra, fio e tecido, é uma das principais soluções utilizadas, pois dá vida e personalidade ao produto. Para que a reação química do tingimento ocorra, é preciso utilizar uma substância chamada corante. Cada tipo de tecido necessita de um tipo de corante diferente. O nylon, por exemplo, é colorido por meio de corantes ácidos e dispersos. Já a celulose, por meio de corantes reativos.
O tingimento pode ser feito por meio do tecido em corda ou em aberto. Dê uma olhada nas classificações do tingimento:
- descontínuo ou por bateladas: indicado para pouca quantidade, com todos os processos (tingimento, alvejamento e lavagem) feitos na mesma máquina;
- semi-contínuo: também conhecido como pad-batch, o corante passa a ter reação após algumas horas da aplicação;
- contínuo: indicado para grande quantidade, a reação do corante se dá de forma acelerada e por meio do aumento da temperatura.
Alvejamento
Alvejar um tecido nada mais é do que remover manchas de sujeiras. É o alvejante que deixa o produto têxtil com a cor mais uniforme. A reação química do alvejamento é feita por meio da combinação da substância hipoclorito de sódio com água.
O hipoclorito de sódio em si não é tóxico. Porém, os alvejantes vendidos nos supermercados recebem, muitas vezes, água sanitária em sua composição, o que torna o alvejante uma ameaça.
Lavagem
Para tirar os excessos do tingimento e do alvejamento, é necessária uma lavagem. Essa lavagem é feita, normalmente, por meio da reação entre água e sabão. A produção do sabão, também chamada de saponificação, é simples e pode ser feita em casa mesmo. Dessa forma, torna-se inofensiva ao meio ambiente.
Porém, em grandes produções industriais são usados, normalmente, sabões potentes, com garantias de limpeza em grandes quantidades. Esses sabões podem se tornar substâncias tóxicas, causando poluição e fazendo um enorme mal à saúde dos usuários do tecido.
A química e a sustentabilidade
Para que a sustentabilidade seja colocada em prática na produção têxtil, é preciso que haja uma correta gestão das substâncias químicas durante a produção. Priorizar o uso de substâncias não tóxicas, promover a reciclagem de materiais e evitar o uso de metais pesados são algumas das atitudes que devem ser tomadas para que haja preservação do meio ambiente.
Há cerca de trinta anos foi criada a Química Verde, um projeto que visa a redução constante de substâncias nocivas nos processos, até a sua total eliminação. Criado pelo cientista Mark Harrison, da Universidade de Lehign, nos Estados Unidos, o conceito diz respeito à criação de um espaço em que são cultivados insumos menos danosos à natureza e que poderão ser utilizados nos processos produtivos. Muitos desses insumos são feitos por meio da nanotecnologia.
A Química Verde é baseada em doze princípios básicos, criados pelo cientista americano Paul Anastas. São eles:
- a prevenção do desperdício;
- a incorporação dos insumos utilizados no processo no produto final;
- as metodologias criadas devem gerar substâncias menos tóxicas para a saúde humana e para o ambiente;
- os produtos químicos devem ser feitos com base na preservação da eficácia da função, reduzindo, ao mesmo tempo, o nível de toxicidade;
- o uso de substâncias auxiliares — como agentes de separação, solventes, entre outros — deve ser evitado;
- os métodos sintéticos devem ser realizados de acordo com a pressão e a temperatura ambiente;
- a matéria-prima deve ser viável economicamente e renovável;
- a diminuição do uso de derivados deve ser evitada;
- os reagentes catalíticos devem sempre ser superiores aos estequiométricos;
- os produtos químicos, em sua fase final, não devem persistir no ambiente e nem se decompor em produtos de degradação inócuos;
- as metodologias analíticas devem ser desenvolvidas para possibilitar o monitoramento e o controle em tempo real antes da formação de substâncias perigosas;
- a escolha das substâncias e a forma em que serão processadas devem ser cautelosas, com o objetivo de reduzir o potencial de acidentes químicos.
De modo geral, a Química Verde é colocada em prática quando as empresas passam a adotar novos catalisadores, matérias-primas renováveis e, de forma prática, substituem as substâncias químicas por outras naturais e menos agressivas.
Portanto, a química na indústria têxtil já foi muito agressiva em tempos passados. O pouco conhecimento a respeito da degradação do meio ambiente fazia com que as substâncias fossem aplicadas de forma livre, sem grandes restrições. Porém, com as novas alternativas estabelecidas pela evolução tecnológica e as pesquisas de ponta, produzir tecidos está sendo cada vez mais sustentável.
O importante é ficar sempre atento quanto aos produtos utilizados durante as etapas de produção. Observar, sempre que possível, quais substâncias são utilizadas, se são nocivas ou não e se estão credenciadas por alguma organização que ateste a sua sustentabilidade e responsabilidade social.
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