5 formas de combinar moda e sustentabilidade na indústria têxtil6 min read
Dados do relatório A new textiles economy: redesigning fashion’s future apontam que 1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa são liberadas no meio ambiente por ano em decorrência da indústria têxtil. Ainda de acordo com a mesma pesquisa, que aborda moda e sustentabilidade, US$ 500 bilhões são desperdiçados com peças de roupas pouco ou nada usadas, que são descartadas em aterros sanitários.
Como um assunto em alta nos mais diversos setores que envolvem a produção industrial e outros segmentos — como agricultura e construção civil —, a sustentabilidade não pode ser mais ignorada. Existe uma preocupação decorrente da limitação de recursos disponibilizados pela natureza, assim como crescentes levantamentos que mostram que é preciso encontrar soluções que minimizem os danos causados pelas atividades humanas.
Aliás, pesquisa realizada pela ONG Global Footprint Network mostra que a humanidade esgotou seu conjunto de recursos renováveis em um ano. Por isso, precisa se reinventar. A boa notícia é que as novidades que surgem com a transformação digital e a conscientização do consumidor abrem espaço para um universo com potencial para reestruturar o uso das matérias-primas e dos recursos naturais na indústria têxtil.
Confira, neste post, como as confecções fazem para se adequar a esse novo panorama.
Moda e sustentabilidade: entenda a tendência
Grandes empresas do setor têxtil e da indústria da moda investem pesado para minimizar os impactos ambientais que elas geram. Marcas consagradas criaram programas de reciclagem e outras não abrem mão da ética no momento de produzir suas coleções.
Os avanços e investimentos que visam preservar o meio ambiente e estruturar uma produção inovadora não são apenas uma tendência — são uma necessidade real de um setor que sabe que o uso consciente de água e a transparência na cadeia de fornecedores, por exemplo, podem gerar um processo muito mais eficiente.
Com potenciais clientes cada vez mais questionadores e atentos aos impactos da confecção na natureza, as empresas precisaram se reinventar. Por isso, começaram a incorporar estratégias que têm um potencial significativo para transformar a cadeia produtiva.
Iniciativas como o Fashion Revolution Day, que conta com um conselho global de líderes, ativistas e acadêmicos voltados para a moda sustentável, mostram a necessidade de mudar o cenário do setor.
Como aplicá-la na indústria têxtil
Separamos algumas formas de aliar sustentabilidade e indústria têxtil e, assim, transformar o panorama do setor sem afetar a produtividade.
1. Investimento em matérias-primas sustentáveis
O manejo sustentável dos recursos, respeitando critérios ambientais e sociais, é o que faz com que a produção têxtil tenha o potencial para se libertar da carga de ser um dos setores mais poluentes do planeta.
Materiais biodegradáveis abrem espaço para certificações e selos que indiquem que uma empresa ou indústria de confecção investe e está alinhada ao cumprimento de soluções que afetem de forma sistêmica o segmento do qual fazem parte.
Mas a ligação entre moda e sustentabilidade não pode estar apenas no uso de matérias-primas diferenciadas ou mesmo no design feito a partir da reciclagem de resíduos. É preciso adotar uma abordagem ampla: econômica, cultural e ambiental — para, assim, gerar negócios.
2. Uso eficiente de água
A indústria da moda consome bilhões de metros cúbicos de água por ano. Levantamentos indicam que são necessários cerca de 11 mil litros na fabricação de apenas uma calça jeans!
Para reduzir os impactos do setor no meio ambiente, o reúso da água e a maior eficiência na aplicação desse recurso — tanto na indústria têxtil quanto nas lavanderias que realizam tratamentos e beneficiamentos em tecidos — apresenta importantes resultados.
Outro problema do setor de confecção em relação ao uso de água está no emprego de produtos químicos, mas essa prática também é repensada para evitar a contaminação dos afluentes.
3. Adequação da força de trabalho
Já na esfera social, a moda, para ser sustentável, precisa respeitar um modelo produtivo que não coloque o trabalhador em cenários de sobrecarga de trabalho. Para tal, o uso inteligente da automação industrial, assim como a readequação das demandas, contribui para boas práticas tanto ambientais quanto sociais.
Ainda que o fast fashion seja predominante no setor, cresce a busca por peças duráveis, de melhor qualidade e produzidas em um ciclo que se difere daquele que consagrou a moda rápida.
A Global Fashion Agenda, aliás, é um reflexo deste novo momento. Grandes marcas, como Zara e H&M, se comprometeram a assumir comportamentos e práticas sustentáveis para mudar e melhorar o sistema têxtil.
4. Reciclagem de resíduos
O descarte é um dos grandes gargalos da indústria têxtil. Em uma confecção, retalhos e resíduos fazem parte da rotina produtiva. No entanto, recursos proporcionados pela transformação digital começam a permitir um melhor aproveitamento de tecidos. Dessa forma, há uma mínima sobra, tanto de panos quanto de outros aviamentos que tendem a virar lixo.
Ainda assim, quando há sobras de tecidos, elas podem ser aplicadas para a elaboração de novas peças. Isso é encontrado tanto em técnicas de patchwork quanto em trabalhos relacionados com iniciativas sociais — com uso, ainda, na decoração e no desenvolvimento de artes.
5. Aproveitamento do Big Data
A indústria 4.0 promete melhorar de vez a relação da moda com a sustentabilidade. E o caminho está na análise de dados. A adoção do Big Data surge como uma forma de avaliar o cenário do setor e permitir a construção de soluções sólidas e duradouras que possam transformá-lo de maneira significativa.
É com a junção da tecnologia e do mercado da indústria têxtil que começam a surgir formas de entender, de uma vez por todas, quais são os problemas que afetam a cadeia produtiva e como ela pode ser melhorada.
Como você deve ter percebido, a construção de um ciclo produtivo sustentável não depende de pequenas e isoladas transformações em confecções. É preciso que esse novo jeito de pensar e encarar o segmento ganhe força. Moda e sustentabilidade são universos que podem, sim, conviver. Isso é mais que uma tendência: é uma necessidade para que os impactos negativos sobre o meio ambiente sejam reduzidos enquanto ainda há tempo.
Quer conferir outros aspectos importantes para o setor? Descubra como manter a qualidade nos processos produtivos da indústria têxtil!